O método Montessori é uma pedagogia científica e defende que a educação deve contribuir para o desenvolvimento da mente da criança, sendo necessário respeitar sua individualidade e estimular sua autonomia, autoestima e autoconfiança. Montessori considerava que os atrasos de comportamentos e aprendizados das crianças eram devidos a falta dos estímulos necessários no ambiente em que elas viviam, e que era necessário ter ambientes preparados para cada fase da vida, que o método denomina de Planos de Desenvolvimento, que veremos em detalhes a seguir:
Primeiro Plano de Desenvolvimento (0 à 6 anos)
Conhecido como “A Mente Absorvente”
Na primeira etapa da vida da criança, o método montessoriano tem dois objetivos principais: conhecer o funcionamento do mundo, entendê-lo e ter independência física dos pais.
No caso do primeiro objetivo, ele vai começar a entender o funcionamento do mundo através das imagens, dos sons, da linguagem, das regras e contratos sociais, leis físicas, químicas, biológicas e a cultura que o cerca. Essa compreensão acontece de forma bem rápida, graças a grande capacidade de aprendizagem e armazenamento do cérebro infantil, que é transformado a cada nova informação recebida.
A independência física, que é outro objetivo importante nessa fase, se resume em praticamente a criança desejar fazer as suas coisas sozinhas, elas querem aprender o funcionamento das coisas, mas não querem que os adultos façam as coisas por elas.
Elas mesmas querem fazer e, faz total sentido, já que é por meio da ação que elas aprendem, se desenvolvem e se transformam. Mesmo diante das dificuldades e dos fracassos das primeiras tentativas, os bebês não desistem, insistem e só param quando obtêm o sucesso e o aprendizado. Montessori sempre falava que não devemos parar uma criança quando ela tenta fazer algo sozinha, mesmo que não consiga de imediato e não importando quão lento é o seu progresso.
Essa primeira fase é orientada por períodos sensíveis: são ciclos que ocorrem nos primeiros anos do bebê, em que ele se interessa e direciona seus esforços voltados completamente para o seu desenvolvimento. Haverá fases mais sensíveis focadas nos desenvolvimento físico, outras na fala, outras que irão desenvolver os sentidos, a escrita e, outras, a matemática.
Quando a criança é livre para explorar os seus interesses e curiosidade durante os períodos sensíveis, terá mais facilidade e fluidez para desenvolvê-los, sem precisar de muitos esforços. Os resultados serão bem maiores, pois não estará ignorando os momentos sensíveis para aquela determinada atividade. Conforme vão aprendendo coisas mais complexas e difíceis, as crianças vão conhecendo mais o mundo que a cerca e começam a querer explorar os mundos que ainda desconhecem. É aí que partem para o segundo plano do desenvolvimento.
Segundo Plano do Desenvolvimento (6 à 12 anos)
Conhecido como “Imaginação Consciente”
Nessa fase, nossos pequenos já conhecem muito bem o mundo que o cerca, o que está na frente dos seus olhos. Eles já sabem se cuidar, conseguem fazer isso com os outros e no ambiente que vivem. Já possuem independência física ao ponto de quererem conhecer novos mundos que não poderiam ser tocados até então. O que seriam esses mundos? Outros países, continentes, entender o universo, como funcionou as civilizações do passado, como foi a formação da Terra e como foi a evolução das espécies.
A metodologia montessoriana costuma afirmar que, no Primeiro Plano, “as mãos da criança são instrumentos da inteligência humana”, no Segundo Plano, as mãos da criança é a sua imaginação. Pois, é através dela que explora e busca entender os mundos que não é possível ir fisicamente e nem mesmo vivê-lo. Sua busca por experiências é lendo, ouvindo, estudando, imaginando, dessa forma, a criança vai conquistando sua independência intelectual e formando sua opinião do mundo que a cerca.
Sua busca é por poder aprender a pensar sem depender de alguém, ou seja, por si só. O debate nessas horas sempre ajudam, pois, ao dialogar com o outro, vemos sempre novos pontos de vista, sendo essa fase muito importante no convívio social que, cada vez mais, terá menos interferência de adultos.
Por conta da grande convivência e por ser a fase em que seu senso crítico é desenvolvido, será inevitável que questionamentos morais venham surgir. Nessa etapa, a frase mais falada pelas crianças é “isso não é justo”. Assim como, para poder compreender o mundo, as crianças precisam questionar, ouvir e conhecer muitas histórias. Para entender as questões morais e sociais é preciso tempo e liberdade para a análise.
Não podemos protegê-los e resolver seus problemas, nem tão pouco, invalidar suas opiniões por serem crianças – mesmo que nos questionem sobre algo -. No Segundo Plano do desenvolvimento, o adulto deve contribuir com elementos para que a criança compreenda o que deseja, mas deve deixá-la refletir sobre seus interesses e escolha por si só – questionamentos, histórias, conversa e tempo -. As interações sociais são cada vez mais fundamentais na vida das crianças nessa fase, até a chegada da adolescência.
Terceiro Plano do Desenvolvimento (12 à 18 anos)
Conhecido como “Nova Identidade”
Adolescentes gostam e se encontram na interação entre si. Nessa fase, a independência que procuram é a social, eles querem se socializarem sem a presença ou ajuda dos adultos. O anseio pela independência social é uma forma, também, de resolver os próprios problemas, sem precisar da opinião dos adultos e sem se preocupar com isso – aliás, muitas vezes, irá agir contra essas opiniões, como uma forma de se libertar deles -. No entanto, é, também, buscar entender de forma mais completa como a sociedade funciona, com todas as suas peculiaridades: a cidade, a cultura, a ideologia, a economia, a ciência e a política.
Ser pertencente a um grupo é muito importante nessa fase. Assim como se sentir aceito sem que precise de ajustes. É imprescindível que os adolescentes tenham a oportunidade de estudar, trabalhar e conviver em grupo, por bom tempo. Ser estimulados a formar grupos saudáveis é a grande função do adulto com os adolescentes. Grupos saudáveis são aqueles em que as pessoas se sentem queridas e pertencentes e que tem uma finalidade que transcendem a si mesmos.
O adolescente necessita entender o seu propósito com a sua comunidade. Na escola, no bairro e na cidade, por isso é importante ter uma interação mais ampla com sua comunidade. É necessário trabalhar e receber remuneração, ou seja, servir em algo. A remuneração ideal é sempre a financeira, pois ela, também, é uma ferramenta que lhe dá independência, somado a trabalhos que tem como objetivo ensinar algo, trabalhar em equipe e ter responsabilidades. O trabalho deve ser focado mais em aprendizado do que em fins econômicos e, em casos, de não conseguir remuneração, uma boa opção é o trabalho voluntário ou mesmo troca de serviços. Isso ajuda e prepara o adolescente, pois, além de ser integrante de vários grupos sociais, trazendo pluralidade ao seu background cultural, ele reconhece sua função social.
Quarto Plano de Desenvolvimento (18 à 24 anos)
Conhecido como “Maturidade”
Para Maria Montessori, o começo da idade adulta é muito importante para o desenvolvimento do ser. Pois, já não frequentam mais a escola, estão na universidade ou em algum curso técnico que irá lhe ajudar na carreira e ele está em busca de saber qual a sua missão aqui e qual caminho deve seguir.
Um termo utilizado na metodologia montessoriana para falar sobre o Plano de Desenvolvimento da fase adulta é o Papel Cósmico. Montessori segue a crença que todos os seres têm uma função que contribui com o equilíbrio cósmico, principalmente os adultos. Na maioria das vezes, nosso papel cósmico não tem nada a ver com nossas profissões. Você pode ser lojista, mas o seu papel cósmico é fazer com que as pessoas enxerguem beleza em si. Nossas profissões garantem nosso sustento e a possibilidade de viver no mundo capitalista. O papel cósmico é como contribuímos para a evolução do universo.
A metodologia defende que devemos buscar desde cedo trabalhar, seja como auxiliar de algo ou aprendiz, para que possamos nos qualificarmos em nossa profissão e para que possamos conhecer o mundo como ele é, fora da sala de aula. Um adulto que saiba de sua missão na Terra e que seja especialista na sua profissão, sem se deixar levar pelo poder e pela luxúria, ajudará a construir um mundo “poderoso, rico e puro”, sendo assim, terá se desenvolvido em seu máximo potencial.