Aqui, no Brasil, comemoramos o Dia da Consciência Negra, no dia 20 de novembro. Já nos Estados Unidos, essa data é comemorada no mês de fevereiro, por conta do nascimento de Abraham Lincoln, presidente dos EUA responsável por abolir a escravidão. E, também, devido ao aniversário de Frederick Douglas, um escravo que fugiu dos seus senhores e se tornou líder do movimento abolicionista.
É uma data que busca refletir a valorização dos negros na sociedade e como suas conquistas foram negligenciadas. Os institutos e as universidades vêm gerando discussões e eventos para conscientizar mais as crianças e os jovens. Buscando mudar a cultura do racismo que foi empregada na sociedade desde sempre. Cabe aos pais falar sobre a causa com os seus filhos desde pequenos, para que possam ter uma visão mais empática, de forma genuína, se compadecendo das pessoas que sofrem com a desigualdade racial.
Contexto histórico
Segundo a organização americana The Counscious Kid, não devemos dizer às crianças que somos todos iguais. Pelo contrário, desde pequenos devemos falar sobre o racismo, como os negros sofreram e, ainda, sofrem. Infelizmente, é um pensamento enraizado que precisa ser combatido, pois, nossa cultura sempre foi baseada na discriminação, no privilégio de raças, como os brancos, e detrimento de outras etnias, como negros e os indígenas. Essa cultura é o que configura o racismo estrutural.
O nosso dever como pais e cuidadores é construir uma mentalidade em nossos pequenos, ao ponto de, terem consciência que muitas coisas que a sociedade, por todos os lados, dizem que é normal, não é, pode ser comum. É uma estrutura complexa demais e muito enraizada que demandará o trabalho de gerações para ser minada. Por isso, precisamos apresentar um olhar diferenciado sobre todas as injustiças e desigualdades que existem no mundo. Não podemos contribuir ou ser mais um propagador disso. Logo, o nosso dever é orientar os nossos pequenos a não reproduzir os comportamentos preconceituosos que, para muitos, é algo comum e normal.
Diálogo é importante
A maioria dos pais tentam evitar falar desse assunto com as crianças por acreditarem que isso as fariam perceber a diferença entre raças, podendo torná-las racistas. Porém, não conversar sobre, só reforça tudo o que a sociedade cultua de forma implícita. Logo, o melhor é dialogar para que o olhar da criança seja moldado e amplie, fazendo-a questionar tudo o que ver que possa ser uma discriminação.
Você deve estar se perguntando: mas como abordar isso com meu filho, certo?
As crianças sempre aprenderam onde fica cada coisa, as profissões que escolhemos, como agem e se comunicam os animais. Então, elas também precisam aprender qual é o lugar das pessoas negras na sociedade. Pois, em algum momento, ela irá perceber que as pessoas são tratadas de forma diferente por conta da cor da sua pele, perceberá que essas pessoas possuem aparência diferente, que sempre ocupam os mesmos lugares e praticamente trabalham nas mesmas profissões. E que, em algumas ocupações, são minorias.
Essa diferença é perceptível em tudo, nos personagens dos filmes, nos lugares que frequentam, na sua roda de amigos, nos bonecos de brinquedos, nos altos cargos do governo. E é conforme essa realidade que percebemos e podemos explicar as crianças como essa discriminação foi instituída, como ela permanece e como é injusta com essas pessoas. Sendo, justamente, essa diferença gritante entre negros e brancos que faz ser um erro grande dizermos aos nossos pequenos que somos todos iguais – pois a realidade nos mostra que não somos, que isso é uma dicotomia.
Sabemos que ao dizer isso, o nosso intuito é evitar que os nossos filhos discriminem alguém por ter a cor diferente. Mas ao viver uma realidade completamente distinta, estamos deixando que as nossas crianças tirem suas próprias conclusões de acordo com o que veem em seu cotidiano.
Sabendo da dificuldade dos pais em lidar com isso, separei 3 dicas para te ajudar a conversar sobre racismo com os seus pequenos
1. Seja exemplo
Criança aprende por imitação, não adianta você falar e não ser exemplo para o seu filho. Você precisa tratar as pessoas de igual para igual, respeitar todos da mesma forma. Evite falar algum vício de linguagem preconceituoso, tratar de forma desigual ou que falte com o respeito. Se os pais buscam promover uma educação de pensamento igualitário, devem ser modelos. Por isso, reavalie seu comportamento e se policie para corrigir possíveis erros devido a padrões comportamentais.
2. Fale sobre outras culturas
Através de histórias, livros, filmes e desenhos apresente ao seu pequeno novas culturas. Não basta deixar o seu filho ver um filme ou um desenho que fale sobre as minorias, os pais e cuidadores precisam explicar o contexto e a história dos negros, tudo o que passaram desde o início da civilização. Para que, assim, os pequenos possam entender o quanto as minorias sofreram e foram prejudicados no decorrer dos anos. Como eles são guerreiros e merecem todo o nosso respeito.
3. Procure instituições de educação inclusiva
Procure matricular o seu pequeno em uma escola que fale e defenda uma educação mais inclusiva, que aborda sobre as desigualdades, que trabalhe datas comemorativas e ensine sobre outras culturas. Será essencial para a criança ver isso sendo abordado no coletivo.