Aos poucos, muitos de nós que fizemos quarentena, por tantos meses, trabalhando com os nossos filhos em casa, estamos tendo que voltar à antiga rotina. Para quem tem filho pequeno, eu imagino que seja difícil, é como se estivesse revivendo o início da vida escolar do seu pequeno ou quando retorna ao trabalho depois da licença maternidade. 

Infelizmente, não será como um retorno normal, pois a nossa percepção de tempo difere dos nossos pequenos. Para nós, pode até parecer que foi um período curto, mas, para eles, não foi com certeza. Querendo ou não, acabam se tornando mais dependentes dos pais, por estarem em sua companhia amorosa e familiar favorita. É importante lembrar que, além disso, a falta de convívio social e todo o estresse causado pelas mudanças drásticas levam a mudanças de humor, apetite, sono e até mudanças no comportamento.

Já os papais que tiveram mais tempo para conhecer e fortalecer a relação com os seus filhos, podem sentir um mal-estar e culpa por voltarem a ficar longe dos seus pequenos. Mas fiquem tranquilos! É possível ter uma boa relação e estar próximo do seu filho, mesmo não passando mais todo o dia com ele, porque todos estamos vivendo uma nova rotina. 

Seja honesto sobre os próprios sentimentos 

Antes de qualquer coisa, é preciso aceitar que estamos retornando a nossa rotina de trabalho e que a vida segue. Somos humanos, temos limitações e estamos dando o nosso melhor de acordo com os nossos limites, logo, não devemos ter amor apenas por nossos filhos, mas por nós mesmos também. Sabemos que é difícil não ter medo nesse momento, principalmente, porque depois de tudo o que aconteceu esse ano, estamos todos com saúde emocional abalada. No entanto, precisamos trabalhar isso e nos equilibrarmos para não passarmos isso para as crianças. Precisamos passar segurança de nossas escolhas aos nossos pequenos, mas isso não significa não ter medo ou fingir que está tudo bem.

Se o pequeno perguntar sobre o que está acontecendo ou ver que você não está bem, explique o porquê de você está assim, mas lhe assegure que irão superar isso juntos, um apoiando o outro. Diga ao pequeno que estará sempre com ele, mesmo que não esteja fisicamente. 

Entenda que é normal também ter sentimentos ambíguos, como a vontade de retornar a rotina de trabalho normal e o alívio de não ter que trabalhar no caos que era dentro de casa, mas sente saudades dos pequenos. Nesses momentos, a ajuda de um profissional ou uma conversa com alguém querido pode ajudar a entender melhor tudo o que se passa aí dentro. Apesar de a sociedade pregar o inverso, com todo estigma ao redor de trabalhar com um psicólogo ou outro profissional, demonstrar necessidade de apoio e pedir ajuda é não só sinal de coragem, mas entendimento e cuidado de si mesmo. Afinal, se não estamos bem mentalmente, não podemos esperar ter condições para entender e ajudar o próximo.

Com quem deixar? 

Apesar de tudo estar retomando seu percurso normal, as escolinhas e creches estão cautelosas, principalmente por terem a grande responsabilidade de cuidarem desses pequenos humanos que ainda não tem maturidade para o autocuidado. Alguns até retornaram com muita cautela, mas ainda vemos os pais com muita resistência.

Sabemos o quanto a socialização é importante, sobretudo nessa fase do desenvolvimento infantil. Os pais que optarem pelo retorno à escolinha, é preciso, antes, ensinar a alfabetização sanitária. Ensinar a lavar as mãos, não colocar a mão na boca ao espirrar ou tossir. E, obviamente, não ir à escola caso fique doente. 

Muitos conteúdos que são dados na primeira infância estão disponíveis na internet para ajudar nos ensinamentos de higiene. Caso os pais optem em ter a ajuda de uma profissional para cuidar da criança, o recomendado é que seja alguém bem qualificado e tenha certificação ou cursos sobre o coronavírus, para que saiba sobre todos os sinais, sintomas e cuidados com relação à doença em casa. E como navegar seguramente em ambientes públicos ou que tenham contato com outras pessoas. Ficar com avós só é válido, caso a criança esteja sob quarentena, pois sabemos que os idosos são do grupo de risco.

Preparação psicológica da criança 

O início da quarentena foi de mudanças drásticas e de certa forma um caos, de um dia para o outro ninguém mais podia sair. Agora, pelo menos, temos uma ideia de como serão os próximos meses nesse “novo normal.’ Ao ter uma previsão de volta, podemos nos planejar para que não soframos tanto com as mudanças. 

Explique ao seu pequeno que irá retornar ao trabalho, que o cotidiano de vocês vai mudar, mas que é um processo. Pergunte como ele se sente e diz que vão decidir juntos como será a nova rotina. 

Nanny Thaty Brasil