Tornar-se pais é um marco, existe uma vida antes e uma vida depois do nascimento do seu filho. Desde quando nosso bebê nasce, despejamos nossas expectativas e nossos desejos com todas as vontades. Acaba que sempre queremos que os nossos pequenos durmam como queremos, coma como queremos, o que queremos e na quantidade que queremos. E se comportem como queremos e como acreditamos que devem se comportar.
No entanto, como vimos nos artigos anteriores, a criança tem suas vontades e é por conta desse pensamento que cultivamos que, muitas vezes, nos atrevemos em dizer que ela faz birra. Quando, na verdade, ela está somente expressando sua vontade, que, por vez, prove-se diferente da nossa – risos.
Nos assuntos relacionados à alimentação principalmente, pais e até cuidadores quando não possuem o conhecimento necessário e técnico da área, podem ficar bastante frustrados com o que chamamos de forma equivocada de “comer mal”. Já que pensamos que elas estão comendo pouco ou quase nada para o que aprendemos ser necessário para crescerem saudável.
Os pais se preocupam tanto com isso que é um dos motivos de visita recorrente ao pediatra. Mas a resposta de uma alimentação forçada não é patológica, mas psicológica e cultural, relacionada às grandes expectativas que depositamos em nossos pequenos. Querer que a criança coma conforme esperamos, não deve ser encarado como um pensamento saudável.
Entenda o que é importante
Não importa se a criança coma tudo, o mais importante é que ela tenha vontade de comer e que coma de maneira saudável e equilibrada. E, isso, você não irá conseguir com coerção e nem pressionando o seu filho, com chantagens, castigos e gritos. A criança sabe a quantidade necessária de comida que irá saciar sua fome – não somos nós, nem os médicos, nem os nutricionistas. Somente a criança que sabe.
Além disso, devemos muito mais nos preocuparmos com a obesidade infantil e com o consumo de industrializados do que com os casos das crianças que não comem muito. Sabemos que, no caso dos pais que tentam forçar seu filho a comer, é inverso. Porém, o fato de pressioná-lo a comer algo que ele não quer, pode fazer com que a criança crie uma aversão a comida. Já que a lembra de ser pressionada e obrigada a comer.
A criança sabe das suas necessidades
Muitos cientistas afirmam que a criança sabe reconhecer o que necessita através de seu sistema experimental que vem evoluindo há milhões de anos. Além disso, muitos profissionais alegam que quando a criança é forçada a comer, isso pode gerar uma aversão a comida. Ou até mesmo o inverso, quando adulto acaba tendo sobrepeso por não ter uma relação de equilíbrio com a comida. Já que antes ele tinha que comer tudo, mesmo sem vontade e, na vida adulta, tem dificuldade de parar, mesmo quando está saciado. Logo, forçar acaba atrapalhando, fazendo com que a relação da criança com a comida no futuro seja conturbada, do que ela se manter saudável. E não é uma atitude empática, prejudicando o apego seguro.
Entenda as pressões veladas
Entenda que, o suborno, também, é uma forma de obrigar o seu pequeno a comer. Aliás, essa é uma das forma, Júlio Basulto, dietista, nutricionista e autor do curso Nutrição Pediatra, afirma em seus estudos, que existem 8 ações que são mais praticada quando os pais querem obrigar os filhos a comerem: ameaças, chantagem emocional, hostilidade e uso da autoridade, humilhação, mentira, pressão e/ou coerção, utiliza o medo da criança, violência e/ou maltrato psicológico.
Falar como: “Se você não comer, eu vou chamar o bicho-papão” ou “você não vai levantar da mesa até comer tudo”. Até mesmo dizer “se você não quer comer, a mamãe vai ficar triste”, também, é uma forma de chantagem emocional. Até mesmo o teatro de enaltecer quem come tudo e quem não, mexendo com a autoestima da criança.
Estamos evoluindo
As mães mais jovens são bem mais informadas do que as de antigamente. Hoje, temos muitos estudos, o que nos ajuda demais a formar seres humanos melhores. A alimentação é uma preocupação constante para os pais durante os três primeiros anos dos seus pequenos. Os pais ficam preocupados não só pela quantidade, mas o que dar ao seu filho e quando dar. Até por conta do excesso de informação que temos hoje e de toda mudança que ocorreu na forma de criar os filhos de uma geração para outra. Deixando muitos pais confusos e sem saber o que fazer.
O ideal é sempre ter a orientação médica, não só de um pediatra, mas de um nutricionista que seja especialista em alimentação infantil. Desde o início da introdução alimentar, deixe a criança ter experiência com o alimento, tocando, conhecendo sua textura. Ofereça a ela bastante opções de comidas saudáveis. E mesmo que ela não queira comer um alimento hoje, a ofereça amanhã e vai oferecendo nos outros dias. Todos nós temos dias que não queremos comer algo e outros dias que queremos.