Todos nós de alguma forma somos fruto do meio em que vivemos e sofremos grande influência do que nos rodeia nos primeiros anos de vida. Esses primeiros anos são cruciais, pois se trata de quando começamos a aprendizagem da linguagem, a aprender a lidar com a sociedade e suas regras e a superar, também, com os desafios, além de outros aspectos da vida. E foi sobre essa fase do desenvolvimento em que sofre muita influência, que um estudo canadense publicado, em agosto, no Jornal da Academia Americana de Pediatria buscou estudar.
Os pesquisadores teve como foco principal a saúde mental materna. Por isso, reuniram crianças de até cinco anos de idade em que as mães sofreram depressão pós parto para fazer a análise das consequências que essa doença poderia ter no desenvolvimento dos pequenos quando fossem ingressar na escola.
As crianças são muito vulneráveis nessa etapa pré-escolar, então, os pesquisadores mensuraram o quanto as crianças estavam frágeis através de um grande questionário que avalia cinco aspectos: a saúde física e o bem-estar; a habilidade social; a maturidade emocional; a linguagem e o progresso cognitivo; e a capacidade de comunicação e de entendimento geral.
Após ter os resultados e análise, os pesquisadores chegaram a conclusão que crianças que vivenciaram a depressão materna antes dos cinco anos, tinham predisposição 17% maior de serem vulneráveis em ao menos um aspecto do desenvolvimento infantil comparado às crianças que não tiveram contato com a depressão materna.
Dificuldades com as emoções
De acordo com o artigo, a maior consequência tende a ser a dificuldade em socializar, além de ter responsabilidade e respeito pelo outro, tende a não ter disposição para descobrir novas coisas, cria-se uma resistência. Outro ponto que descobriram, é como fica o emocional da criança, que pode ter uma dificuldade em lidar e equilibrar as emoções, como falta de postura prestativa ou ter um comportamento ansioso e receoso. Ter hiperatividade e falta de atenção. Além de problemas, também, com a saúde física e bem-estar.
Já no desenvolvimento da linguagem e cognição não aparentam ser afetados pela depressão da mãe, e as pesquisas anteriores confirmam isso. Na verdade, a dificuldade de desenvolvimento da cognição das crianças geralmente estão associados a experiências de rejeição materna, situações que podem vivenciar em casa e na sociedade.
No final do estudo, os pesquisadores relatam com que idade as crianças tendem a sofrer mais com a depressão materna. Observaram que crianças de até um ano e entre quatro e cinco anos, que tiveram mais contato com esse quadro, apresentam grande fragilidade, principalmente na hora de ingressarem na escolhinha, pois, além de todas as mudanças, afastamento dos pais e da sua casa, a criança terá que socializar com outras crianças.
As pesquisas sobre o assunto permanecem; no entanto, precisamos nos atentar quais são os mecanismos que nessa situação gera risco aos pequenos, ao ponto de dificultar o seu desenvolvimento nas áreas sociais e emocionais. Precisamos ter atenção em como é nosso ambiente e o comportamento de quem cuida dos nossos pequenos. Sejam pais ou, sejam profissionais especializados em educação e cuidados.
Precisamos, também, ensinar nossas crianças sobre resiliência e desafios, não só para que elas não desenvolvem depressão, mas para que não ocorra esse efeito em cascata em sua vida. Deixando que os fatores externos as desestabilizam.
E, sobretudo, devemos ter consciência da importância de uma rede de apoio para a mãe e os cuidados com sua saúde emocional na gestação, da compreensão e apoio de todos ao seu redor. Pois, nem a gestação e nem o puerpério são fáceis de lidar, como se não bastasse, as mães sempre sofrem o peso de milhões de expectativas em um momento em que ela se encontra frágil, mais sobrecarregada e a que mais precisa de ajuda.