Oferecer uma educação sem punições e prêmios por bom comportamento é um desafio e o sonho de muitos pais. Por muito tempo, fomos criados dessa forma, a base de castigos físicos e psicológicos. Hoje, apesar de menos pesado, o ajoelhar sobre o milho deu lugar ao cantinho do pensamento. Mas sabemos que, no final, o intuito é o mesmo: fazer a criança sentir-se culpada ou envergonhada pelo que fez. 

Esse padrão educacional coercivo precisa ser quebrado se a intenção dos pais é dar uma educação com amor e respeito para os seus filhos. Pois, os pais e adultos podem usar sua experiência para proteger e cuidar dos seus pequenos, mas não para punir.

Diferença da educação punitiva da educação não violenta

O autor da Comunicação Não-Violenta, Marshall Rosenberg fala sobre a importância de mostrar aos pais a diferença de ser protetor e de ser punitivo para educar. A punição está totalmente ligada ao julgamento moralizador sobre o outro, se baseia na crença de que o ser humano é um pecador e que só pode ser guiado pelo bom caminho através da penitência. Como se fosse necessário mostrar, o quanto as pessoas o reprovam por ter feito o que fez e, dessa forma, fazê-lo sofrer – o contrário dos valores da Comunicação Não Violenta, que crer que não é só porque uma pessoa errou, que devemos pensar que ela é má e que mereça ser punida. 

A Comunicação Não Violenta busca saber o que é necessário para que a situação seja resolvida e como lidar com ela. Isso sem prever vítimas e culpados, sem a dicotomia do bem e mal, que nos faz ver o outro como inimigo. As guerras nos mostram, onde nos leva, esse pensamento dicotômico.

A Comunicação Não Violenta não é movida para fazer mal ao outro como uma forma de punição, mas proteger as necessidades de todos. Em um primeiro momento, pode até ser que use a força como o fim educativo, para mais tarde ter uma educação mais comunicativa, mas, apenas, em casos extremos. No entanto, é preciso saber diferenciar a finalidade de ensinar com a de punir. Mas como? Analisando o nosso pensamento com relação ao uso da força para solucionar o problema. 

É importante os pais entenderem que apesar da punição fazer com que a criança os obedeça, isso provoca raiva e desejo por vingança, em vez de fazê-la repensar no que fez. A criança obedece simplesmente por se sentir obrigada. A recompensa também funciona, porém, da mesma forma, a criança dificilmente vai entender que precisa mudar o comportamento. Pelo contrário, pode sempre esperar algo em troca ao ter um bom comportamento. 

A famosa metodologia montessoriana segue, também, esse pensamento, de educar de forma respeitosa, que foca na autonomia, na independência e cultiva a autoestima da criança, sem utilizar das punições e recompensas para educar.

Mas como fazer isso?

É importante para educação da criança ter um ambiente familiar que faça com que entenda que o que ela fez de errado pode ser feito de outra maneira. E tenha experiências reais, permitindo inclusive trabalhar a sua criatividade desde a primeira infância.

Deixe a criança ter a liberdade que precisa para cometer os seus erros e aprender com eles, pois, assim, entenderá as consequências naturais dos seus atos. Sem sentir-se obrigada a fazer algo para agradar alguém ou esperar algo em troca, mas apenas entenderem que é o percurso natural da vida.

Por exemplo: se a criança demorar para jantar à noite, os pais podem avisá-la que ao fazer isso, pode ser que não dê tempo de assistir algo que gostam ou ouvir aquela historinha. E terão que ir dormir logo. 

Priorizar uma educação não violenta tem outros benefícios como:

  • Estímulo às habilidades: a criança aprendendo por experiências reais, ela tem mais liberdade e estímulo para desenvolver suas próprias habilidades;
  • A criança se motiva e cria disciplina por conta própria: por tomar suas próprias decisões, além de se tornar independente, a criança se motivará a ir atrás do que quer, sendo mais motivada e tendo mais disciplina para executar suas tarefas;
  • Satisfação: sabem do que são capazes já que conquistam o que querem sozinhas e, assim, sentem orgulho de si mesmas.
  • Melhora da autoestima: crianças que são independentes e têm suas próprias conquistas, possuem mais autoestima;
  • Senso de cooperação: quando a criança entende o sentido do que ela está fazendo, ela coopera mais para as coisas acontecerem.

Apesar de parecer muito desafiador colocar a educação não violenta em prática, os pais que escolhem dar uma educação mais respeitosa aos seus filhos, percebem rapidamente o resultado, e como a relação entre pais e filhos melhora.

Nanny Thaty Brasil